O DESENVOLVIMENTO DO PIANO

03 out O DESENVOLVIMENTO DO PIANO

Por volta da década de 1830, quando Brahms nasceu, a ferrovia começava a chacoalhar através dos campos, antes tão sossegados. Em breve os navios a vapor iriam apitar nos portos e as fábricas iriam iniciar seu estrépito. A longa e nobre tradição camponesa estava sendo superada pela cultura urbana. O que poderia ser mais natural para a era industrial do que o PIANO, que se tornou a voz heroica da virtuoso de concertos?

Mozart e Beethoven tinham dado preferência ao piano, mas o instrumentos em que haviam tocado eram leves em comparação com os instrumentos que agora começavam a aparecer.

 A firma de pianos fundada em Londres por John Broadwood, em 1795, foi uma das líderes, juntamente com a de Ignace Pleyel em Paris em 1807, Sebastian Erard, em paris, foi uma outra, e sua ação de “escapamento duplo”, patenteada em 1821, passou a ser amplamente utilizada. Isso dava ao martelete da tecla uma flexibilidade maior e evitava a aborrecida repercussão no toque agudo, quando o martelete podia voltar e ferir as cordas uma segunda vez.

 O piano se tornou popular muito rapidamente nos Estados unidos, onde Jonas Chickering começou a produção em 1823 e Wiliam Knabe em 1837. Steinway and Sons estabeleceu uma loja em Nova Iorque em 1853, depois de seu sucesso em Hamburgo, na Alemanha.

Em viena, Ignaz Bösendorf começou a produzir em 1823; friedrich Bechstein, em Berlim, Em 1856; Joseph Blüthner, em Leipzig, em 1851. Theodore Heintzman inaugurou sua firma em Toronto, em 1860.

 A nova voz do piano fez-se ouvir primeiramente através de Frederic Chopin. Nascido na Polônia, em 1810, logo no alvorecer da Era Romântica, Chopin fiz, aos dezenove anos, sua estréia como virtuoso profissional do piano, e dois anos mais tarde estabeleceu -se em Paris. Na realidade, Chopin preferia o Broadwood inglês, mais antigo, mas a música que criou sobreviveu esplendidamente em nossa época do grande concerto. Isso se deve em parte, ao fato de ele ter descoberto o segredo de fazer o piano cantar como uma orquestra, ao mesmo tempo que sustentava um harmônico inteiro como base. Deve-se também a sua grande imaginação harmônica. Beethoven pode ter sido ousado em um trabalho como a sonata Appassionata, onde criou um drama extraordinário a partir das variações sutis entre Fá menor, Dó maior e Sol bemol maior. Mas até ele não conseguiu ultrapassar o feitiço sutil de Chopin, que conseguia fazer os ouvintes sentirem a ambiguidade das notas, as quais podiam a um só tempo ter duas funções diferentes, Levando-as de um lugar para outro, fazendo variar o significado de Dó sustenido para Ré bemol, durante o tempo todo sustentados pelos dedos ou pelo pedal. Esta era a arte da modulação enarmônica, para a qual Bach havia preparado o caminho, tão minuciosamente com o seu Cravo Bem Temperado.

 Chopin, quase que sozinho, transfigurou a técnica de escrever música pianística, conferindo-lhe expressão romântica. Naturalmente, havia contemporâneos como Sigismond Thalberg e o irlandês John Field (que se estabeleceu em São Petersburgo), porém nenhum tinha o efeito instantâneo de Chopin. Se é que a música escrita por Chopina pode ser tomada como modelo confiável para sua execução, pode-se dizer que ele possuía uma técnica extraordinariamente fluida, embora não tivesse o vigor ou a força de Franz Liszt, conseguindo seus efeitos mais por sombreamento de tom e cor.

 A habilidade de Paganini serviu como exemplo para Chopin; o violinista foi também o  primeiro músico a impressionar profundamente Franz Liszt. Liszt começou sua carreira solística em Viena, com dez anos de idade, em 1821, depois precedeu Chopin em Paris em oito anos; já era um favorito adorado quando o polonês expatriado chegou, e tornaram-se amigos. A nova e pesada artilharia de teclado era idealmente adequada a Liszt, porque nele estava o verdadeiro pianista, equivalente a Paganini, uma figura carismática cultuada e admirada em todas as grandes capitais da Europa. Liszt embelezou suas grandiosas composições para piano com efeitos de coloratura tão surpreendentes como os de qualquer diva. Outros virtuosos tentaram segui-lo e os fabricantes de piano se viram forçados a melhorar e reforçar seus instrumentos para que pudessem suportar esses ataques sem precedentes.



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