Explorando a sonoridade do piano

29 jun Explorando a sonoridade do piano

O piano é um instrumento extremamente rico em sonoridades. Desenvolvido por séculos com a adição de recursos, o aprimoramento do mecanismo e o uso de materiais cada vez mais nobres e adaptados ao uso, o piano se tornou muito mais do que seus antecessores poderiam inspirar.

Nessa busca por inovar o instrumento, muitos fabricantes trabalharam auxiliados – ou inspirados – por grandes compositores, como BeethovenChopin ou Liszt. A necessidade de transmitir as novas sonoridades imaginadas por eles guiou o desenvolvimento do instrumento, ao passo que as inovações incorporadas a ele inspiraram a criação de músicas mais elaboradas que utilizassem os novos recursos.

Os pedais sustain e tonal, o duplo escape e a escala duplex foram alguns dos aprimoramentos que, rapidamente, foram assimilados pelos compositores e aproveitados em suas obras.

Mas, o que seria do piano se não houvesse uma vontade de superar o que se esperava dele? Se todos os compositores e intérpretes tocassem o instrumento da mesma forma, o que seria do desenvolvimento da música?

Exploração

Muitos professores orientam seus alunos a tocarem o piano como se o instrumento fosse uma divindade e não pudesse ser ofendido. Para isso, obrigam o aluno a tocar somente as notas escritas na partitura, sem que haja uma exploração maior da sonoridade do instrumento, em tessituras ainda não aprendidas. Quem já deu aulas de piano sabe a alegria de um aluno ao tocar a quatro mãos em regiões do teclado diferentes daquelas em que ele está acostumado.

Que tal, então, transformar essa descoberta de novos sons em um exercício de criatividade, empatia e aproximação?

Ao deixar o aluno livre para explorar a sonoridade do piano, as diferenças entre as teclas brancas e pretas, o uso dos pedais e a execução de acordes ou clusters, o professor está permitindo que ele desenvolva sua criatividade, conheça melhor o instrumento e descubra como reproduzir aquele som que ele ouviu ou tem em sua imaginação.

Já é praticamente consenso que a experimentação é muito mais produtiva e rende mais frutos do que a simples e desinteressante repetição de padrões. Ao explorar o teclado de um piano, o aluno pode descobrir que certas notas tocadas juntas soam agradáveis ao ouvido e outras não.

E, sem nem mesmo perceber, aprendeu muito sobre acordes e harmonia. Ao tocar as teclas pretas de um piano, terá intimidade com a sonoridade delas e até mesmo o formato diferenciado, o que o prepara para o estudo das escalas e dos arpejos. Acionar os pedais e verificar a mudança de timbre ou a confusão que esse recurso pode causar o torna mais atento às sonoridades que podem ser produzidas pelo piano, e como evitar o efeito quando indesejado.

Cabe aos pais permitirem essa exploração, de forma a incentivar a criatividade dos alunos, principalmente das crianças, sem prejuízo do instrumento, mas participando das descobertas e apresentando recursos a serem experimentados. Se a criança tiver aptidão, rapidamente descobrirá os padrões utilizados na música ocidental e começará, mesmo sozinha, a aprender.

A posição da mão não está correta? A pulsação é inexistente? Os pais não devem se preocupar! O estudo formal virá com o tempo e será um complemento à já desperta musicalidade. A composição e a improvisação já terão dado seus primeiros passos na formação desse pianista e ele não terá medo de experimentar. Como intérprete, dominará melhor o controle das diferentes dinâmicas e saberá explorar as inúmeras sonoridades possíveis de serem produzidas por um piano.

E o professor, em sala de aula, deve permitir e incentivar essa exploração, agregando a prática ao estudo formal. Acima de tudo, essa experimentação derruba as barreiras de insegurança entre o instrumento e o aluno, fazendo que a proximidade entre eles seja maior. Afinal, quem não se sente melhor mexendo naquilo que domina?



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